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1 de julho de 2014

[Resenha] - A Fera Interior, de Lotte & Søren Hammer


Autores: Lotte & Søren Hammer
Editora: Vestígio
Ano: 2013
Número de Páginas: 448
Onde Comprar? Saraiva / Submarino

Podemos fazer justiça com as próprias mãos?


Dessa vez, decidi colocar a frase de efeito do livro no lugar da sinopse que é bastante reveladora. Até, porque desde o começo do livro você vai se questionar se realmente podemos fazer justiça com as próprias mãos.

O primeiro capítulo do livro já revela um caso tenso, complexo e trágico. Cinco corpos masculinos são encontrados mutilados e sem as mãos em uma escola por duas crianças. Não demora muito para que o inspetor Konrad Simonsen seja interrompido de suas férias para liderar o caso. Aliás, eu gostaria de entender porque na maioria das vezes o detetive sempre está de férias ou aposentado nos livros de romances policial. Acho que é um dos clichês do gênero.

Mas, voltando a investigação.... Este é o livro com uma equipe de investigação mais bem completa e estruturada que eu já li. Cada um tem uma função dentro da equipe e diga-se de passagem que todos são importantes. Dentro eles, se destacam a Condessa, Pauline Berg, Arne Pedersen, Poul Troulsen e claro, o Simonsen. 

Simonsen é aquele detetive linha dura, marrento e que em poucas ocasiões dar ouvido aos outros, contudo é um bom sujeito. Mas, não é só a equipe policial que conta com um bom número de personagens não, isso se encontra durante todo o livro: temos os criminosos, as testemunhas, os jornalistas e os familiares de todos os envolvidos. São muitos nomes para se familiarizar e de início isso é bastante confuso, uma vez que são nomes bem complexos e com a história se passando na Dinamarca.

A narração é feita em terceira pessoa, mas ora pelo o ponto de vista dos policias, ora por ponto de vista dos criminosos. A intenção dos irmãos Hammer é que o leitor entre conflito consigo mesmo, se ele apoia ou não os assassinos. Porque se de um lado temos que nada justifica um assassinato, por outro, temos as motivações dos assassinos que são bastante convincentes. 

Os assassinos não se arrependem do que fazem, acreditam que aqui se faz e aqui e se paga. Eles se veem como malfeitores do bem e que só está fazendo aquilo que as autoridades públicas deveriam fazer, mas preferem centrar suas forças em prende-los.

Por mais atraente que fosse as justificativas dos criminosos não consegui apoia-los. Estaria sendo dúbio se fizesse isso, para mim o errado é errado e cada um deve pagar por suas atrocidades perante a justiça. Claro, que você sente raiva do governo dinamarquês por tratar um assunto delicado e desumano de uma forma tão relaxada.

As leis e as estatísticas dinamarquesa para o crime que gerou outro crime são absurdas, e como não tenho conhecimento sobre a política deste país, não posso dizer se os dados apresentados são reais ou não. 

Os assassinos conseguiram atenção da mídia para este tipo de assunto, não apenas por causa dos assassinatos, mas por criarem fóruns de debate, blogs e site relacionados ao assunto, manifestações e outras ações. E essa parte, realmente achei bem bacana e o triste é saber que eles poderiam ter feito tudo isso sem precisar de mortes, mas enveredou para outro caminho.

A resenha ficou bastante extensa, mas é impossível ser simplista num assunto tão delicado. O final me desapontou um pouquinho, porque não explica se a luta dos criminosos foram ou não em vão. E a sensação que dar é que mais uma vez o debate fica na geladeira. Enfim, “A Fera Interior” me fez sentir parte da investigação, onde cada um desempenha sua função e uma investigação não é tão fácil de resolver como parece.