9 de junho de 2015

[Resenha] - A Hora dos Ruminantes, de José J. Veiga

Autor (a): José J. Veiga
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2015
Número de Páginas: 152
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A Hora dos Ruminantes - Considerado o romance mais importante do autor, A hora dos ruminantes conta a história da pequena cidade de Manarairema, que vê a sua rotina alterada por acontecimentos inexplicáveis. Primeiro uma legião de homens, de procedência desconhecida, decide acampar na cidade. Os moradores, temendo represálias e com medo dos visitantes misteriosos, passam a especular sobre a intenção do grupo. Depois, a cidade é tomada por cães, que chegam às dúzias no vilarejo, causando uma inversão de papéis: enquanto os moradores ficam acuados em suas casas, os animais passeiam livremente pela cidade. E, por último, a chegada de centenas de bois completa o quadro alegórico do romance.

A Hora dos Ruminantes é aquele tipo de livro que todos deveriam ler. José J. Veiga nos transportam para uma pacata cidade rural, de nome Manarairema, onde tudo que acontece é novidade. Então, imagine a curiosidade de seus habitantes quando homens misteriosos resolvem acampar ao lado da cidade? Seus moradores ficam em polvorosa, começam as especulações e o medo. Medo da mudança, medo da perda dos direitos e da liberdade. 

O livro não foca em um único personagem, pode-se dizer que a protagonista desta história é a própria cidade. É ela que nos apresenta seus moradores e suas peculiaridades. Aos poucos vamos descobrindo os pensamentos de cada um, como eles lidam com o repentino e com o inusitado.

Existem dois lados de uma mesma moeda: De um lado existe um povo amedrontado e resistente. Do outro, um grupo de homens silenciosos e autoritários, de poucos amigos. De um lado pessoas conformistas e do outro, progressistas. Percebem o contraste? 

Só que os habitantes de Manarairema se sentem acuados se sentem acuados e é com medo daquela velha expressão “a corda se arrebenta do lado mais fraco” que eles acabam se subjugando a vontade do grupo estranho, medo da violência que podem acabar sofrendo. Outro ponto interessante e onde o fantástico toma conta é quando a cidade é invadida primeiro por cachorros e depois por bois. Milhares deles, a cidade já não é dos humanos e sim dos animais. E o pior de tudo? É que o povo sofre calado.

Eles não têm reação. Apenas acostumam com a nova maneira de convivência, mesmo que seja difícil e vão dando “jeitinhos” para continuar a tocar a vida. Vale deixar registrado aqui que a “A Hora dos Ruminantes” foi publicado pela primeira vez, dois anos após a implementação do regime militar de 1964.

Narrado em terceira pessoa, “A Hora dos Ruminantes” é um livro instigante e aconchegante e que traz boas reflexões para a mente do leitor. Mas de uma coisa saiba, não procure por respostas. O grande trunfo do autor neste livro é deixar que o próprio leitor tire suas conclusões.

2 comentários:

  1. Oie Lucas
    saudade de ler suas resenhas tão concisas e maravilhosas.
    Mesmo com a falta de tempo, tirei um pra vir aqui comentar.
    Não conhecia esse livro, mas amo histórias que nos fazem ter reflexões válidas. Amo quando o autor deixa espaço para tirarmos nossas próprias conclusões.
    Só não curti a capa.
    bjos
    www.mybooklit.com

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  2. Oi Lucas, tudo bem??
    Gostei da sua resenha, mas confesso que esse não muito o tipo de leitura que me agrada. Apesar de parecer ser um livro bom. Parabéns pela resenha.
    Bjss

    http://livrosemarshmallows.blogspot.com.br/

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